sexta-feira, 27 de março de 2009

Mais notícias daqui de cima

Pensei que depois da minha última postagem, nós seríamos alvo de críticas, principalmente daqueles que estão por vir e não querem de forma alguma que seus sonhos sejam quebrados. Eu também não queria que o meu fosse e talvez tenha sido por isso que eu só tenha levado em consideração as coisas boas que eu lia sobre aqui e não as más. Ficamos muito felizes com os recados deixados aqui com as mensagens de “bola pra frente”. Agora que estamos trabalhando e as coisas começando a se arrumarem é mais fácil pensar positivamente, mas no meio da tempestade foi um pouco difícil. Parece-me (na verdade tenho quase certeza) que esse lado B da imigração fica meio em “off” pelos motivos mais diversos. Uns não querem dar o braço a torcer dizendo que aqui a coisa funciona diferente ou que estão passando por necessidades; outros por medo da repercussão da coisa. Bom, o fato é que nós não poderíamos deixar de avisar que aqui a barra é dura, mais dura do que podemos imaginar quando ainda estamos nas nossas terrinhas. Muito obrigada pela força de todos e pela torcida.

Mas, como o Sol já vem vindo, deixemos isso um pouco de lado e falemos de coisas boas. Quando ainda estávamos na Francisation, participamos de uma atividade muito legal que é a Cabane à Sucre. Pagamos apenas CAD$ 4,00 cada pelo transporte e pelo almoço lá, o restante do montante foi custeado pelo MICC. Pelo menos esse curso aqui funciona e é muito bacana. Disso faço questão de fazer propraganda, inclusive, quando possível, voltaremos a fazê-lo. O passeio foi muito legal. Tivemos a oportunidade de ver de pertinho como é feito o famoso mel de érable daqui do Canadá e de apreciarmos um pouquinho da culinária local que é bem gostosa também (tirando o poutine que comemos aqui e não gostamos muito). A paisagem é linda e o ambiente muito agradável. Passeamos pelos bosques com os outros estudantes do curso, comemos bastante jambon com mel, mas sem exagerar também porque dá dor de barriga, né! O mel é uma delícia, parece um caramelo mais suave, pena que não seja assim tão baratinho. Esse é um passeio que recomendamos para toda a família! Ficam aí as fotos para vocês apreciarem e até a próxima!





Minha ex-turma (Japão, China, México, Colombia e, lógico, Brasil!)


A turma de Diogo



segunda-feira, 16 de março de 2009

Nous sommes ici!


Depois de um longo período afastada do blog e refletindo se continuaria um dia com ele, eis que é chegado o momento de expôr a minha decisão: sim, diga ao povo que fico!
Nesses últimos tempos, muitas coisas aconteceram e muito tenho a contar, mas por hora, gostaria apenas de relatar o motivo do nosso afastamento. Vivemos momentos difíceis aqui. Viemos para cá com um sonho e quando chegamos as coisas não funcionaram bem da forma como imaginávamos. Cada um passa por uma experiência diferente, gostaria de dizer isso de antemão. A nossa, não será a sua, isso é óbvio, porém o que vivemos pode contribuir de alguma forma com a sua futura experiência. De início, quis muito escrever tudo o que estávamos passando, mas as preocupações eram tantas e a incerteza do que ainda viria me afastaram daqui. Também tive receio de que pensassem que erámos apenas 1 casal com dificuldades contra a estatística de 99% que estão se dando muito bem e que continuam em um sonho, que éramos uns frustados querendo frustar os outros. Acho que vocês entendem o que eu quero dizer.
Bom, o fato é que encontramos muitas dificuldades sim. Começamos a Fransisation, que por sinal é um ótimo curso, mas a ajuda do governo com a qual contávamos ainda nem chegou (o curso começou no dia 09 de fevereiro). O dinheiro é muito pouco e realmente não dá de forma alguma para sobreviver apenas com essa “ajuda”. Não é sempre que recebemos a quantia exata de $ 460,00. Às vezes ainda vem com desconto e o pagamento não é feito a cada mês. Então, para os que contam com isso como nós contávamos, fiquem certos de que está na hora de bolar uma outra estratégia para sobreviver aqui. Quanto aos empregos em nossas áreas... Essa é outra história chata. Como eu sou professora e Diogo também, para fazermos as nossas equivalências custa tempo e dinheiro também. Teríamos que retornar para aos estudos por mais de um ano e fazer algumas provas para obter a autorização para ensinar aqui no Québec. É um processo longo e que exige mais $$$. O caminho mais fácil (ou não, depende do ponto de vista), pelo qual optamos foi o de fazermos nossos estudos novamente aqui. Mais uma vez eu relembro que cada um passa por uma experência diferente, mas, infelizemente, são muitos os imigrantes que se encontram no mesmo dilema que o nosso e de várias áreas, não é uma coisa isolada nossa. Descobrimos isso com a convivência com outros que decidiram sair de seus países e tentar a vida aqui no Canadá. É muito díficil trabalhar na sua área aqui. Alguns encontram de cara uma oportunidade, outros passam anos aqui e não a conseguem. Tudo depende da sua sorte e de uma boa rede de “QI”. Fora isso, algumas instituições gonvernamentais destinadas ao auxílio do novo imigrante não trabalham da forma como ouvimos aí no Brasil. O famoso CLE é um exemplo de um deles. Não tivemos uma boa experiência e esperamos não precisarmos voltar lá nem tão cedo. Eles podem até te oferecer ajuda na busca de um emprego, mas só quando você terminar a Francisation, até lá... Bom, “eles não tem uma varinha de condão” como o próprio agente nos disse. E olha que chegamos aqui falando relativamente bem o francês e o inglês. Esses foram apenas alguns dos nossos problemas e más experiências com os serviços de ajuda aos imigrantes. Os famosos sites de busca de emprego também não contribuíram em nada para mudar a nossa situação. Aqui se exige uma experiência canadense que não temos e eles não querem saber se você acabou de chegar ou não. O papo que contam que aqui o povo é muito acolhedor aos imigrantes também é meio furado. Não estou dizendo que não existem nativos que gostam de nós, estou apenas dizendo que nem todos amam a diversidade cultural. O povo no geral é frio, mas temos também corações calorosos aqui, o problema é encontrá-los. A solidão é grande, as saudades... Nem preciso falar. E se você vem com pouco dinheiro... e pouca sorte de cara... É provável que encontrará dificuldades em seu caminho também. Mas, isso faz parte e hoje, graças a Deus, estamos começando a superar esse mau momento que vivemos. Chegamos a pensar que voltaríamos para o Brasil, mas agora parece que já estamos passando pelo fim dessa tempestade e saindo vivos. Saí da Francisation porque eu precisava trabalhar para sobreviver. Finalmente consegui um emprego que não é na minha área, mas estou muito feliz com ele, pois estava procurando emprego de qualquer coisa e não estava conseguindo. Diogo também está empregado e quase deixando o curso e estamos começando a nos equilibrar nessa corda bamba em que viemos parar. Espero que daqui pra frente as coisas comecem a dar certo e que prosperemos também aqui, pois foi um investimento que fizemos e que desejamos muito que dê certo. E... é isso. Estamos de volta e aos poucos vamos contanto o que descobrimos e o que ainda iremos descobrir aqui nessas terras não mais tão geladas =) Mas, ainda não deixamos de sonhar. E apesar de tudo.... É muito bom estar aqui.