quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Um homem e todo o sentimento do mundo

Até hoje só tínhamos escrito sobre o processo em si basicamente. Hoje, tive vontade de falar sobre como estamos e o que sentimos nesse momento. Bom, pelo que temos visto, parece que o processo federal está correndo bem mais rápido do que o normal. Muitas pessoas que deram entrada um mês antes da gente já receberam o pedido de exames médicos com 2 meses de antecedência da data limite dada pelo próprio Consulado. Então, se a coisa correr dessa forma conosco também (e estamos vibrando para que assim seja!), no próximo mês estaremos recebendo essa cartinha da felicidade e começando a nos organizar para viajarmos logo que os passaportes chegarem, o que ocorreria em outubro/novembro. Sim, nós decidimos ir logo e foi algo pensado e repensado. Nós queremos muito reorganizar as nossas vidas que foram temporariamente desajustadas pelo projeto de imigração. Querendo ou não, quando decidimos fazê-lo, nos dividimos em dois lugares e isso é bem complicado. Nossos projetos estão lá, não mais aqui. Vivemos todos os dias a ESPERA e nada mais além disso. Sei que não é algo pessoal porque já ouvimos esse mesmo relato de outras pessoas que agora já estão lá. Mas, não pensei que fosse real, pois enquanto elas estavam só esperando pelos exames, eu ainda estava no aguardo pela entrevista e achava que não poderia haver uma situação mais angustiante do que essa. Agora, posso dizer com toda a experiência que TODO o processo é horrivelmente angustiante, não importa em que posição você esteja. Eu, como pessoa extremamente ansiosa que sou, sofri muito com a demora para a entrevista e com a incerteza da obtenção do CSQ, algo que, definitivamente, mudaria a história das nossas vidas. Pra quem tá de fora, parece tudo muito fácil e até mesmo prático, porém só quem se encontra no mesmo barco que a gente é que nos entende, e talvez seja por isso mesmo que procuramos tanto o contato com essas pessoas. Acho que nos sentimos reconfortados. Muitos nos questionaram se não seria uma loucura irmos em pleno inverno e a resposta que nós demos foi sempre a mesma: loucura maior nós já fizemos que foi decidir MUDAR TUDO em nossas vidas. Procuro nem pensar muito em como será lá. Em como será não conseguir falar “n” coisas porque ainda não domino a língua (né, Rossana!). Nas saudades que sentirei da minha família, dos meus filhos-cães e de alguns amigos (digo alguns porque outros já estarão praticamente lá também). Saudades da minha casa, do cheiro que ela tem e das árvores que eu plantei quando era criança. Ultimamente, tenho olhado tudo e todos com um certo ar de despedida, até mesmo melancólico. E eu posso dizer pra vocês que existe uma divisão que é muito maior do que a continental, que separa a realidade de todos os dias da realidade do futuro, que é a divisão de uma pessoa que sente todos os sentimentos do mundo em um mesmo instante. Mas, apesar de tudo o que temos vivido, do apoio de muitas pessoas (e agradecemos por isso!) e dos agouros de outras (sentimos muito por vocês), estamos vivendo um momento feliz e intenso. Esperamos saber aproveitar tudo o que a vida tem nos oferecido, não só as coisas boas, e tirar de tudo isso uma grande lição, a de que todo o recomeço é difícil, porém extremamente necessário para o engrandecimento de um homem. Obrigado a todos os que têm nos acompanhado e vibrado por nós. E saibam que também estamos torcendo por vocês!